quinta-feira, 20 de março de 2014

38

Quando eu era mais nova, não sonhava com o casamento. E quando digo casamento, me refiro a casar de véu e grinalda ao som da marcha nupcial. Nunca sonhei com uma cerimônia nos moldes tradicionais, tanto que quando chegou a minha hora, não fiz assim.

Meu sonho mesmo era encontrar alguém pra dividir a vida. Dividir a vida até o final.

Como meus pais fizeram...

Hoje, dia 20 de março, meus pais celebrariam 38 anos de casamento. E, para mim, eles sempre foram exemplo de união, companheirismo, comprometimento, cumplicidade e amor.

Naquele dia de começo de outono, a baiana séria, sempre na dela, discreta e de poucas palavras se unia ao português simpático, gentil e passional. E apesar de todas as diferenças e das dificuldades, ficaram juntos até o final.

Quando eu observava meu pai e o jeito com que ele tratava minha mãe, especialmente nos últimos anos, eu só pensava que gostaria de alguém que cuidasse de mim com o mesmo zelo e dedicação. Às vezes, me emocionava ao ver meu pai aprendendo a cozinhar porque minha mãe tinha perdido o movimento das mãos, por exemplo.

Mamãe não está mais no meio da gente. Há dois meses, ela partiu e nos deixou aqui com essa saudade doída e agoniada.

E hoje, que costumava ser um dia feliz e de comemoração, é um dia triste e pesado.

Até o ano passado, eu ligava para parabenizá-los. Hoje, ligarei para consolar meu pai, que perdeu a mulher que ele amava...