sábado, 8 de janeiro de 2011

Mais Florbela Espanca

Há um tempo atrás havia falado sobre a minha musa poética.
Trago hoje mais um exemplo do quão maravilhosamente profunda ela era!

A Minha Tragédia

Tenho ódio à luz e raiva à claridade
Do sol, alegre, quente, na subida.
Parece que minh'alma é perseguida
Por um carrasco cheio de maldade!

Ó minha vã, inútil mocidade,
Trazes-me embriagada, entontecida!...
Duns beijos que me deste noutra vida,
Trago em meus lábios roxos, a saudade!...

Eu não gosto do sol, eu tenho medo
Que me leiam nos olhos o segredo
De não amar ninguém, de se assim!

Gosto da noite imensa, triste, preta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!

2 comentários:

Ricardo disse...

A esperança que brota de alguém por não encontrar o sol sozinho. Você usa as palavras com habilidade. Interessante, adorei a poesia!

Carla Beatriz Carvalho disse...

Linda! Seu Blog é muito bom, Rosele! Parabéns.