"O Grande Sertão Assamita de Veredas"
Tinha decidido comprar “O Grande Sertão Veredas” de presente para minha sogra. Novinho em folha, não ia rolar. Uma fortuna! Pelo menos para uma teacher...
A solução foi recorrer ao oásis dos leitores duros: Sebos!
Pus-me a bater pernas no Centro da Cidade. Aqueles sebos perto da Praça Tiradentes são ótimos. Recomendo!
Depois de muito andar e nada achar, quase desistindo, avistei o sebo derradeiro com um vendedor na porta.
O diálogo:
Eu: “Boa tarde, vocês tem algum exemplar de “O Grande Sertão Veredas”?”
Ele: “Vamos dar uma olhada?” – disse, me convidando para entrar. Enquanto ia entrando, pude reparar que ele parecia saído da Fraternidade Lambda Lambda: óculos fundo de garrafa, calça “Saintropeito”... E sim, ele babava!
De repente, me vi no meio da sessão de RPG. A menos que Guimarães Rosa tenha escrito algum livro-jogo, tinha a impressão de que eu não estava no lugar certo.
Eu: “Vocês tem “O Grande Sertão Veredas”?” – perguntei novamente, de forma bem pausada, para me fazer clara, afinal, achava que ele não tinha me entendido.
Fingindo que não me escutava, ele perguntou com olhos brilhantes enquanto babava pelo canto da boca: “Você joga RPG?”
Eu: “Ahn? Quê? Sim, mas...” – e fui interrompida pelo cidadão que pegava um livro de Vampire Masquerade.
Ele “Você joga Vampire?”
Eu: “”Ahn? Quê? Sim, mas...” – eu parecia um robô.
Ele: “Deixe-me adivinhar seu clã!” – falava empolgadíssimo.
Eu: “AHN?”, ou como diria Didi Mocó: “Cuma?” – já perdendo a minha santa paciência.
Ele: “Assamita!” – respondia animadamente, enquanto babava mais ainda e fazia umas caras e bocas numa tentativa frustrada de parecer sensual.
Eu: “NÃO!!! Vocês têm O Grande Sertão Veredas ou não?” – já estúpida.
Com uma tremenda cara de “meu mundo caiu”, o cidadão decidiu, enfim, perguntar sobre o que interessava naquele momento. Depois de alguns minutos ele voltou:
“Ah, não temos não.”
Eu: “Ah, tá. Obrigada.” – e fui saindo.
Num gesto desesperado, ele pegou o primeiro mangá que viu pela frente e foi saindo atrás de mim.
Ele: “Você lê Ragnarok?”
Eu: “Ahn?” – me fazendo de surda e retardada.
Ele: “Deveria, é muito bom!” – disse, sem se mancar que eu nem respondia.
Eu: “AHN?” – olhei pra ele meio zangada franzindo a testa.
Ele: “Hãhãhãhã!” – rindo “Lamdbamente”.
Eu: “Hum” – resmunguei sem olhar pra trás.
Depois passei o resto da tarde rindo disso.
Eu e essa minha cara de Nerd!
terça-feira, 24 de março de 2009
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