Se pudesse encontrar uma palavra
Que pudesse me definir
Não consigo pensar em outra
A não ser sentimento
Me sinto inundada de sentimentos
Transbordando, parindo,
Sai por todos os poros do meu corpo
Verdadeira chuva interior
Meu coração é um poço fundo
Onde só cabe o amor
Amor, só pelo amor
Rasgando a minha terra fértil
Germinando
Fazendo brotar
Crescendo
Para morrer no ceifar
terça-feira, 30 de junho de 2009
domingo, 28 de junho de 2009
Mário de Sá-Carneiro
Para homenagear um poeta que tanto admiro, Mário de Sá-Carneiro, um dos grandes expoentes do Modernismo em Portugal, nada melhor do que sua poesia.
Esta é Dispersão, escrita em 1913, minha favorita por tanto dizer sobre mim mesma.
Dispersão (Mário de Sá-Carneiro, 1890-1916)
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.
(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:
Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).
O pobre moço das ânsias...
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que te abismaste nas ânsias.
A grande ave doirada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.
Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.
Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projecto:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projecto.
Regresso dentro de mim
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.
Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.
Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... mas recordo.
A sua boca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.
(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)
E sinto que a minha morte -
Minha dispersão total -
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.
Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.
Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas...
Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas p'ra se dar...
Ninguém mas quis apertar...
Tristes mãos longas e lindas...
Eu tenho pena de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...
Desceu-me n'alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.
Álcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em uma bruma outonal.
Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida
Eu sigo-a, mas permaneço...
Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba...
Para homenagear um poeta que tanto admiro, Mário de Sá-Carneiro, um dos grandes expoentes do Modernismo em Portugal, nada melhor do que sua poesia.
Esta é Dispersão, escrita em 1913, minha favorita por tanto dizer sobre mim mesma.
Dispersão (Mário de Sá-Carneiro, 1890-1916)
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.
(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:
Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).
O pobre moço das ânsias...
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que te abismaste nas ânsias.
A grande ave doirada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.
Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.
Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projecto:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projecto.
Regresso dentro de mim
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.
Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.
Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... mas recordo.
A sua boca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.
(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)
E sinto que a minha morte -
Minha dispersão total -
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.
Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.
Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas...
Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas p'ra se dar...
Ninguém mas quis apertar...
Tristes mãos longas e lindas...
Eu tenho pena de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...
Desceu-me n'alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.
Álcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em uma bruma outonal.
Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida
Eu sigo-a, mas permaneço...
Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba...
sábado, 27 de junho de 2009
Casa
Existe um temporal,
uma escuridão...
Todas as lâmpadas se quebraram.
Eu sozinha. Poças d’água.
Corro em desespero por um abrigo.
O barulho dos meus passos loucos na água
Me ensurdece.
Não enxergo mais nada.
Caio.
O gosto de minhas lágrimas mistura-se aos pingos da chuva.
Minha casa está ali, bem perto. Posso sentir.
Mas...
Perdi minha chave pelo caminho...
Postado por
Rosele
às
20:22
sexta-feira, 26 de junho de 2009
A Partida (Okuribito)
Ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano, "A Partida" conta a história do violoncelista Daigo Kobayashi, que ao perder seu emprego na Orquestra Sinfônica de Tóquio, decide voltar à sua cidade natal com a jovem esposa, desistindo da carreira de músico.
Vasculhando o jornal em busca de um novo emprego, se depara com o anúncio de um emprego bem pago, de título Departures (partidas)e pensa se tratar de uma agência de viagens.
Entretanto, se surpreende ao descobrir que o anúncio é de uma agência funerária em procura de um "Nokanshi", profissional do cerimonial japonês de preparação dos mortos para o funeral, para a partida.
Acompanhamos assim, o elaborado ritual cercado de respeito e reverência dos orientais para com seus entes queridos.
Um dos filmes mais belos que vi nos últimos tempos. Um roteiro lindamente escrito. Profundamente sensível e humano, vai mexendo com nossas emoções de forma extremamente poética e delicada, nos fazendo sorrir e nos fazendo chorar...
Ainda está em cartaz! Não percam essa oportunidade de assistir a uma obra-prima da sétima arte!
quinta-feira, 25 de junho de 2009
domingo, 21 de junho de 2009
Na vida, todos temos nossa cota de dificuldades, limitações, obstáculos...
O que nos difere como seres humanos é a capacidade de não se deixar abater ou desistir diante das pedras ou, às vezes, pedregulhos que vão surgindo à nossa frente. Eu, pessoalmente, ainda estou apanhando pra aprender a não desanimar tão facilmente. Nesse quesito ainda me sinto engatinhando, apenas um bebê.
Recebi esse vídeo de uma amiga do ballet e me emocionei profundamente...
O que, para esses bailarinos poderia vir a ser impedimento, tornou-se poesia!
Um belíssimo exemplo de superação humana pra vocês numa tarde de domingo:
O que nos difere como seres humanos é a capacidade de não se deixar abater ou desistir diante das pedras ou, às vezes, pedregulhos que vão surgindo à nossa frente. Eu, pessoalmente, ainda estou apanhando pra aprender a não desanimar tão facilmente. Nesse quesito ainda me sinto engatinhando, apenas um bebê.
Recebi esse vídeo de uma amiga do ballet e me emocionei profundamente...
O que, para esses bailarinos poderia vir a ser impedimento, tornou-se poesia!
Um belíssimo exemplo de superação humana pra vocês numa tarde de domingo:
Postado por
Rosele
às
16:22
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Eu?
Passei o dia a procurar por mim,
Por quem sou, por quem serei,
Tantas lágrimas fugitivas...
E, no meio dessa insônia tão companheira,
Começo a olhar ao redor e vejo
Encontro um pedacinho, uma fagulha de mim
Em cada canto bagunçado e escondido do meu quarto-esconderijo.
Vejo os sapatos jogados, sinal de passos já dados,
Caminhos percorridos.
Cansaço.
Revistas espalhadas contando as histórias imaginativas do meu coração.
Os Lps velhos e encardidos...
Meus disfarces...
É tanta coisa... Tanta solidão...Tanta ilusão...
Tanto eu...
The Loneliness by Bostan Alexander
Por quem sou, por quem serei,
Tantas lágrimas fugitivas...
E, no meio dessa insônia tão companheira,
Começo a olhar ao redor e vejo
Encontro um pedacinho, uma fagulha de mim
Em cada canto bagunçado e escondido do meu quarto-esconderijo.
Vejo os sapatos jogados, sinal de passos já dados,
Caminhos percorridos.
Cansaço.
Revistas espalhadas contando as histórias imaginativas do meu coração.
Os Lps velhos e encardidos...
Meus disfarces...
É tanta coisa... Tanta solidão...Tanta ilusão...
Tanto eu...
The Loneliness by Bostan Alexander
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Rosele
às
20:11
terça-feira, 16 de junho de 2009
Aprendendo Química...
De todas as minhas lembranças do colégio, uma das mais fortes é o meu Ódio por Química. Nossa, como eu penei! Simplesmente não entrava na minha cabeça. De jeito nenhum...
Descobri esse vídeo semana passada. E pude perceber que grande parte do meu problema com a Química poderia ter sido resolvida se eu o tivesse visto há alguns anos atrás. Seria uma ótima maneira de começar a desmitificar...
Divirtam-se com o Oxigênio tentando brincar na hora do recreio...
Se você gostou desse, não deixe de ver "Chemistry Explained", um outro vídeo excelente e divertidamente didático aqui, no blog do Hughes.
Com mais uma dúzia de vídeos assim, quem sabe posso passar a amar Química? =D
De todas as minhas lembranças do colégio, uma das mais fortes é o meu Ódio por Química. Nossa, como eu penei! Simplesmente não entrava na minha cabeça. De jeito nenhum...
Descobri esse vídeo semana passada. E pude perceber que grande parte do meu problema com a Química poderia ter sido resolvida se eu o tivesse visto há alguns anos atrás. Seria uma ótima maneira de começar a desmitificar...
Divirtam-se com o Oxigênio tentando brincar na hora do recreio...
Se você gostou desse, não deixe de ver "Chemistry Explained", um outro vídeo excelente e divertidamente didático aqui, no blog do Hughes.
Com mais uma dúzia de vídeos assim, quem sabe posso passar a amar Química? =D
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Rosele
às
20:04
domingo, 14 de junho de 2009
sábado, 13 de junho de 2009
Blackmore's Night
Ritchie Blackmore e Candice Night
Pra quem não conhece, Blackmore's Night é a banda formada, principalmente, pelo ex-Deep Purple Ritchie Blackmore e sua esposa Candice Night. Meu primeiro contato com o trabalho da banda foi por acaso, mas fiquei completamente apaixonada. E saí correndo pra comprar todos os cds.
Blackmore's Night é uma viagem no tempo! Indubitavelmente! Me transporto pra época Renassentista, me vejo em rituais celtas e me encontro com os tradicionais ciganos da Romênia... Tudo em um único cd! É maravilhoso!
Pra quem gosta de música antiga é perfeito!
Recomendo a todos que queiram realizar uma viagem no tempo sem sair de casa...
Com vocês, uma música deliciosa, Cartouche, ao vivo:
sexta-feira, 12 de junho de 2009
É Chuva
Hoje é dia dos namorados e nada mais justo do que uma singela homenagem à minha cara-metade, meu companheiro, amigo e defensor. Meu porto-seguro!
Este poema que fiz pra ele há algum tempo atrás:
***
O meu amor é chuva fina.
Chuva tranqüila.
Chuva que cai eternamente sem ferir.
Essa é a chuva que te ofereço.
Chuva de final de tarde.
Chuva de domingo.
Chuva constante.
Pra sempre.
Pro que der e vier...
Também recebi uma bela homenagem dele. Vejam aqui.
Este poema que fiz pra ele há algum tempo atrás:
***
O meu amor é chuva fina.
Chuva tranqüila.
Chuva que cai eternamente sem ferir.
Essa é a chuva que te ofereço.
Chuva de final de tarde.
Chuva de domingo.
Chuva constante.
Pra sempre.
Pro que der e vier...
Também recebi uma bela homenagem dele. Vejam aqui.
Postado por
Rosele
às
18:33
terça-feira, 9 de junho de 2009
sábado, 6 de junho de 2009
Hoje, dia 6 de junho, comemoramos os 25 anos de Tetris!
Tetris foi criado por Alexey Pajitnov em Moscou e é, sem dúvida, o jogo mais popular de todos os tempos! E, por que não dizer, o mais viciante! Nunca conheci alguém que não tenha gastado horas da vida jogando Tetris sem conseguir parar. Eu, inclusive!
Pra quem não sabe, a música tema do Tetris chama-se "Korobeiniki" e é uma famosa música folk russa, baseada em um poema de mesmo nome, de autoria de Nikolay Nekrasov, publicado em 1861 na revista Sovremennik. Quem disse que video game não é cultura??? =D
Parabéns ao Tetris! Que outras gerações também possam conhecer e curtir um dos melhores jogos já feitos!
Com vocês o vídeo do "Tetris Humano", parte do "Game Over Project".
Tetris foi criado por Alexey Pajitnov em Moscou e é, sem dúvida, o jogo mais popular de todos os tempos! E, por que não dizer, o mais viciante! Nunca conheci alguém que não tenha gastado horas da vida jogando Tetris sem conseguir parar. Eu, inclusive!
Pra quem não sabe, a música tema do Tetris chama-se "Korobeiniki" e é uma famosa música folk russa, baseada em um poema de mesmo nome, de autoria de Nikolay Nekrasov, publicado em 1861 na revista Sovremennik. Quem disse que video game não é cultura??? =D
Parabéns ao Tetris! Que outras gerações também possam conhecer e curtir um dos melhores jogos já feitos!
Com vocês o vídeo do "Tetris Humano", parte do "Game Over Project".
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